quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Pesadelo de 2015

David Alfaro Siqueiros - Collective Suicide - 1936

Havia passado das sete da noite, estava na faculdade. Nostalgia.

Mas não era a minha faculdade, ao menos não no tempo que estudei, era como se estivesse no futuro uns 200 anos, e tudo era mais moderno e ampliado, mais construções, mais verde e muita gente. Muita gente mesmo, falando de assuntos do século XXIII.

Estava sentado em uma mesa, tomando algo como um suco e conversava com alguém, quando ao fundo ouvi vozes de desespero.

"Não pule! Não pule!"

Do quinto andar de um edifício de salas, um garoto lança seu corpo ao chão.

Desta vez, as vozes de desespero tornaram-se gritos.

Mas não foi apenas ele, do lado direito, próximo a mim, outro garoto pula do prédio.

A euforia se instala. Todos correm para lados distintos com medo.

Busco refúgio amedrontado.

O caso isolado logo torna-se a regra, a sensação de nostalgia que até então era tranquila dá lugar para uma música dissonante de piano, as cores começam a desbotar, e o horror passa a imperar.

Um por um, corpos se lançam do topo dos edifícios estudantis.

Um grupo de pessoas, liderados por uma loira com olhar feroz, olham para mim com olhar de desprezo.

Todos vestem blusas pretas e parecem estar maquinando algo.

O vermelho sangue toma conta do verde grama.

Os suicidas gritam palavras imcompreensíveis.

Busco proteção embaixo de um toldo, corpos caem do meu lado.

Posso ouvir os ossos quebrados, o sangue jorrando de pessoas em agonia por não terem morrido com a queda.

Meu coração dispara, acordo as seis da manhã num quarto escuro e frio... com a incerteza de sair da cama e descobrir que isso está acontecendo lá fora.

Efavirenz.

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